1 de setembro de 2012

Perigo real na Bolívia - por Simone Felippetto


Aos apaixonados por duas rodas que gostariam de conhecer este país recomendamos cautela na escolha dos roteiros, devido às condições das estradas, à cultura boliviana em relação aos estrangeiros que por lá se aventuram; e da dificuldade no abastecimento de combustível, que custa 3 vezes mais do que para a população local . Isto quando abastecem... Em alguns postos de gasolina tivemos que ameaçar chamar a policia para nos abastecerem, mesmo pagando o valor que estavam pedindo. 
E ainda, precariedade e demora nas aduanas que fecham na hora do almoço e só abrem no dia seguinte. 
Para ter noção das condições das estradas deles, levamos 15 horas  e meia para  fazer 350 km. Inacreditável a precariedade das estradas, que eles consideram boas. Como tudo é questão de ponto de ponto de vista - as boas deles são péssimas para nós brasileiros, imaginem para os europeus !   
                                                             
Somos um grupo de casais de amigos que há 11 anos desfrutamos da nossa América do Sul através de viagens anuais. Este ano nosso destino seria conhecer as principais cidades bolivianas e o roteiro escolhido foi- partir de Curitiba em direção à Corumbá (MS) com destino a Santa Cruz de La Sierra.

Durante o planejamento em 2011 muitos foram os comentários que nas proximidades à Roboré tinha perigo de assaltos a motos de brasileiros, mesmo assim nosso grupo achou que seria um ou outro caso e que não teria problema. Quando chegamos na cidade de Roboré - 250 km da fronteira, tivemos problemas no abastecimento. Mas, o mais intrigante foi que todos os que nos encontravam diziam....semana passada assaltaram um grupo de motociclistas brasileiros e levaram duas motos... E como foram muitas pessoas ficamos muito preocupados com a informação.
O receio aumentou quando observei que todas as casas tinham grades nas janelas e nas portas, e ainda, que muitos comerciantes atendiam atrás de grades.
Depois de uma reunião com nosso grupo decidimos conversar com a policia local - e eles nos disseram que havia perigo sim e que seria mais seguro com escolta policial - então sem dúvida alguma... pagamos pela escolta.

Entre outros acontecimentos desagradáveis como: estradas bloqueadas com pedras; pessoas querendo atingir as motos com pedaços de pau; manifestações dos campesinos em território boliviano onde os militares se posicionaram na frente de milhares de pessoas que bloqueavam a saída da cidade com troncos enormes. Quando encontramos uma trilha para evitar a confusão, quase que uma das motos foi abatida por um galho de árvore quando tentava passar por um dos bloqueios. 





Carlão, como era o mais alto, ficava com a tarefa de manobrar as motos sobre o terreno...

No meio deste pesadelo todo tivemos a felicidade de conhecer um grupo de harleyros em Cochabamba que contactaram com outro grupo de La Paz. E estes, nos acolheriam próximo da capital boliviana. Para mim e para a maioria do grupo, este gesto salvou a viagem... Conseguimos nos sentir protegidos e acolhidos por eles, diminuindo a sensação ruim de estar em férias num verdadeiro caos. Tipo filme de Indiana Jones...
O melhor da viagem foi ter conhecido este pessoal.

Infelizmente é real o perigo de se rodar pela Bolívia, ficamos muito mexidos com o ocorrido com o Eduardo Wermelinger... Onde pouco tempo depois do nosso retorno vimos o relato horrível  no mesmo trajeto que passamos, tivemos a sensação que poderia ter sido conosco a terrível e indesejável experiência em solo boliviano. 
Eu não recomendo a ninguém a se aventurar de carro ou moto por lá. 
E agradeço aos "Hermanos" Harleyros que cruzaram nosso caminho.

Simone Felippetto (garupa de moto com mais de 120.000 km rodados )

Em breve outra  postagem sobre a Bolívia com mais fotos.
Até lá... 
And ride safety!!!

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